As Argumentações Teológicas nas Pregações dos Apóstolos
Uma análise leiga da estrutura e beleza dos discursos inspirados dos primeiros pregadores cristãos.
Sumário
O Espírito é derramado Cristo, o Profeta como Moisés Não há salvação em nenhum outro Os reis da terra conspiram juntos Estevão contra o templo Cristo é a luz para os gentios Tateando em busca de um Deus DesconhecidoUma das coisas mais poderosas no livro de Atos dos Apóstolos é a forma que o Espírito Santo habilitou homens comuns e sem instrução religiosa (At 4:13), em grande parte simples pescadores (Lc 5:1–2,9–11), a proclamarem o advento do Evangelho com grande eloquência e fervor, muitas das vezes embasando a Mensagem de Cristo nas Escrituras da época. Não é possível ler Atos sem que tamanha erudição e paixão pela Palavra demonstradas por esses humildes e destemidos precursores de nossa fé não nos salte aos olhos, encantando nossa mente e tocando nossos corações.
Como leigo que sou, estou muito longe de possuir o conhecimento e intimidade no Espírito necessários para fazer um comentário bíblico decente. Considere este texto como apenas uma despretensiosa análise, que ressalta a beleza argumentativa das pregações contidas em Atos e tenta explicá-las, na medida do possível.
No texto, todos os versículos citados estão na Nova Versão Transformadora (NVT), que é do meu agrado; caso essa versão não seja do agrado do leitor, o convido a ler o texto acompanhado da versão biblica que julgue adequada. Também aconselho a ler este texto junto com as passagens citadas de Atos e de outros livros, para melhor entendimento. Por fim, minha escrita está longe de ser infalível, e encorajo todos a analisarem o texto e entrarem em contato comigo no Twitter caso encontre qualquer erro, ficarei feliz pelas correções recebidas. Boa leitura!
O Espírito é derramado

No grande evento de Pentecostes (At 2), enquanto todos estavam admirados com as línguas providas pelo Espírito Santo para que as maravilhas de Deus fossem entendidas por todos os povos presentes, Pedro se põe à frente e faz um discurso brilhante. Por capacitação do Espírito, ele explica o quê estava ocorrendo ali àquelas pessoas que observavam, confusas, o batismo no Espírito Santo que foi prometido (Lc 3:16) descer sobre os discípulos de Cristo.
Pedro começa explicando que aqueles discípulos ali reunidos não eram arruaceiros bêbados àquela hora da manhã, mas que aquilo se tratava do cumprimento de uma profecia. Ele cita (At 2:17–21) um profeta menor, pouco conhecido, mas que profetizou em detalhes o que estava acontecendo:
“Então [...] derramarei meu Espírito sobre todo tipo de pessoa. Seus filhos e suas filhas profetizarão; os velhos terão sonhos, e os jovens terão visões. Naqueles dias, derramarei meu Espírito até mesmo sobre servos e servas.
Farei maravilhas nos céus e na terra: sangue e fogo, e colunas de fumaça.
O sol se escurecerá, a lua se tornará vermelha como sangue antes que chegue o grande e terrível dia do Senhor. Mas todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo [...]”— Joel 2:28–32
Uma escolha muito sábia, uma vez que outros profetas mais conhecidos também profetizaram sobre esse acontecimento, porém muito mais sucintamente, de modo que não seriam os mais adequados para explicar ao povo ali escandalizado:
até que, por fim, o Espírito seja derramado do céu sobre nós. Então o deserto se tornará campo fértil, e o campo fértil produzirá colheitas fartas.
— Isaías 32:15
Porei dentro de vocês meu Espírito, para que sigam meus decretos e tenham o cuidado de obedecer a meus estatutos.
— Ezequiel 36:27
Ele continua explicando (At 2:24–31) com palavras inspiradas de sua boca, e de Davi: primeiro usando um Salmo conhecido que profetiza que o Cristo ressucitaria dos mortos:
Sei que o Senhor está sempre comigo; não serei abalado, pois ele está à minha direita.
Não é de admirar que meu coração esteja alegre e eu exulte; meu corpo repousa em segurança.
Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que teu santo apodreça no túmulo. Tu me mostrarás o caminho da vida e me darás a alegria de tua presença[...].— Salmos 16:8–11
Davi foi homem, morreu e foi sepultado com seus ancestrais (1Rs 2:10), e na sepultura parmaneceu. Logo, Davi não poderia estar se referindo a si mesmo no Salmo acima. Pedro declara que Davi era profeta e falava daquele que sabemos que venceu a morte e foi glorificado pelo Pai.
Pedro então usa a mesma passagem que o próprio Jesus usou em certa ocasião (Mc 12:33–37), um Salmo onde Davi chama o Cristo, seu próprio descendente, de "meu Senhor" e diz que Deus o assentou exaltado em um trono eterno — conforme Ele prometeu ao próprio Davi (1Cr 17:13–14), — à Sua direita:
O Senhor disse ao meu Senhor: “Sente-se no lugar de honra à minha direita, até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés”.
— Salmos 110:1
Ora, um descendente não pode ser senhor de seu ancestral, muito pelo contrário: ainda hoje nós chamamos nossos pais e familiares mais velhos de "senhor", por respeito. Portanto, o Cristo não poderia ser filho de Davi segundo a carne e também seu Senhor (Mc 12:37), mas sim um Rei de soberania superior ao grande rei Davi.
Ainda com base no salmo acima, Pedro termina sua pregação apresentando não um homem morto, mas Aquele a quem o próprio Deus exaltou como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores:
“Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”.
— Atos 2:36
Cristo, o Profeta como Moisés

Em outra ocasião (At 3), após Pedro e João curarem um aleijado de nascença no templo (At 3:5–8) e o povo ficar admirado com seus sinais, Pedro argumenta que quem fez o milagre foi o Deus dos seus antepassados, que glorificou a Jesus (At 3:15). Ele confronta o povo pela morte de Jesus, proclama a vitória de Cristo sobre a morte e prega o arrependimento para que o Cristo nos seja enviado novamente:
Mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas desse fato! [...] Agora, arrependam-se e voltem-se para Deus, para que seus pecados sejam apagados. Então, da presença do Senhor virão tempos de renovação, e ele enviará novamente Jesus, o Cristo que lhes foi designado.
— Atos 3:15,19–20
Ele prossegue dizendo que Deus o prometeu há muito tempo por meio dos profetas, e cita uma passagem onde Moisés profetiza que Deus enviaria um profeta como ele:
“O Senhor, seu Deus, levantará um profeta como eu do meio de seus irmãos israelitas. Deem ouvidos a ele, pois foi isso que vocês pediram ao Senhor, seu Deus, quando estavam reunidos ao pé do monte Sinai. Disseram: ‘Não iremos mais ouvir a voz do Senhor, nosso Deus, nem ver este fogo ardente, pois morreríamos’.
“Então o Senhor me disse: ‘Eles estão certos. Levantarei um profeta como você do meio de seus irmãos israelitas e porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá ao povo tudo que eu lhe ordenar.
— Deuteronômio 18:15–17
Nessa passagem, o "profeta como Moisés" prometido é aquele que teria uma relação próxima a Deus como Moises teve, à ponto de contemplar Sua gloria (Ex 33:19–23) e falar com Deus como quem falava com um amigo (Ex 33:11). Porém, Deuteronômio afirma que este profeta não é nenhum dos profetas conhecidos:
Nunca houve em Israel outro profeta como Moisés, a quem o Senhor conhecia face a face.
— Deuteronômio 34:10
Isto muda com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois a relação de Moisés com Deus não se compara à comunhão que o Filho possui com o Pai desde antes do princípio (Jo 17:5). Cristo é caracterízado também como Profeta, pois o Pai colocava as palavras em Sua boca e o Filho dizia apenas o quê Pai ordenava (Jo 12:49–50) — além Dele ser a própria Palavra de Deus (Jo 1:1). O próprio Cristo assinalou que Ele cumpre esta profecia:
Se cressem, de fato, em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito.
— João 5:46
Pedro continua dizendo que todos os profetas desde Samuel profetizaram sobre tudo aquilo que estava acontecendo, e que Jesus e seu ministério à judeus e gentios cumpriu a promessa de Deus feita à Abraão (Gn 22:17–18) e reafirmada à Isaque (Gn 26:4):
[...] Multiplicarei grandemente seus descendentes, e eles serão como as estrelas no céu e a areia na beira do mar. Seus descendentes conquistarão as cidades de seus inimigos e, por meio deles, todas as nações da terra serão abençoadas. Tudo isso porque você me obedeceu”.
— Deuteronômio 22:17–18
Pedro também diz que eles, os descendentes de Abraão, não só estavam incluídos nessa promessa como também Cristo foi enviado primeiro à eles.
Não há salvação em nenhum outro

Quando Pedro e João foram presos por anunciarem a ressurreição em Jesus (At 4), e no dia seguinte foram perguntados com que autoridade eles curavam (At 4:1–5), Pedro respondeu, cheio do Espírito, que curava em nome de Jesus Cristo e novamente os confronta com a morte de Cristo e Sua ressurreição (At 4:10). E novamente cita Davi, a respeito do Cristo:
A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular.
— Salmos 118:22
Ao citar o Salmo, ele define quem são os construtores: aquele mesmo povo, que pediu incessantemente a crucificação de Jesus (Lc 23:23). Mas como o Salmo também profetiza, esse mesmo Jesus se tornou a pedra angular (fundamental) dessa Nova Aliança de Deus com seu povo: a Igreja.
Uma Pedra angular é aquela usada na junção de duas paredes na alvenaria de amarração com pedras, sendo ela base de sustentação do edifício; também é a pedra usada no centro de arcos de pedra, estabilizando e unindo ambos os lados da estrutura. Estes são exemplos do uso de pedras angulares:

E Pedro termina seu discurso com a poderosa afirmação de que há salvação somente em Cristo Jesus:
Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos”.
— Atos 4:12
Até mesmo os sábios membros do Sinédrio admiraram-se com a sabedoria desse simples pescador galileu (Lc 5:1–11), que proclamava ardentemente a Palavra, cheio do Espírito Santo de Deus (At 4:13).
Os reis da terra conspiram juntos

Ainda no mesmo capítulo (At 4), quando todos discípulos oravam a Deus por coragem para anunciar o Evangelho (At 4:23–30), reconheceram em oração mais uma profecia de Davi, que profetizara a união de governantes contra o Senhor e Cristo:
Por que as nações se enfurecem tanto? Por que perdem seu tempo com planos inúteis?
Os reis da terra se preparam para a batalha; os governantes conspiram juntos, contra o Senhor e contra seu ungido.— Salmos 2:1–2
De fato, como o próprio Pedro diz (At 4:27), todo o povo judeu clamava pela crucificação de Cristo, e isto aconteceu pelas mãos de gentios romanos (Lc 23:21,24). E ambos, judeus e gentios, zombavam do sofrimento de Cristo (Mc 15:16–19,29–32) e sua angústia até a consumação de seu Sacrifício. A Biblia também nos fala que o sofrimento de Cristo uniu contra Ele até mesmo Herodes Antipas e Pôncio Pilatos, que até então eram inimigos:
Naquele dia, Herodes e Pilatos, que eram inimigos, tornaram-se amigos.
— Lucas 23:12
Estevão contra o templo

Em Atos 6 somos apresentados à Estevão, homem cheio do Espirito Santo, que pregava a Palavra com grande fervor e sabedoria (At 6:10). Ele foi preso sob falsas alegações e disseram que ele tinha pregado contra o templo e a Lei (At 6:11–14); quando perguntado pelo sumo sacerdote, Estevão conta um resumo (At 7:2–47) da história de Abraão até Salomão, com foco no templo.
Ele finaliza seu discurso argumentando que, mesmo que Salomão tenha construído o templo de Jerusalém, o Deus Altíssimo não habita em meras construções humanas (At 7:48) tamanho o seu poder e majestade. Para isso ele cita o profeta Isaías:
Assim diz o Senhor: “O céu é meu trono, e a terra é o suporte de meus pés. Acaso construiriam para mim um templo assim tão bom? Que lugar de descanso me poderiam fazer?
Minhas mãos criaram os céus e a terra [...]— Isaías 66:1–2
Estevão então define os líderes judeus como incircuncisos de coração e surdos para a verdade, pois resistiam ao Espírito Santo (At 7:51). Ele lembra que o povo perseguiu e matou os profetas que predisseram a vinda do Cristo, e desobedeciam a Lei de Deus.
Os líderes judeus, enfurecidos com essas acusações de Estevão, o apedrejaram até a morte — mas não antes de Estevão olhar para o céu e contemplar a glória de Deus, e Jesus em lugar de honra ao Seu lado (At 7:55–56). Assim sucumbiu o primeiro mártir de nossa fé (At 7:59–60), humildemente imitando o Mestre em suas últimas palavras:
Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. [...]
Então Jesus clamou em alta voz: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito!”. E, com essas palavras, deu o último suspiro.— Lucas 23:34,46
Cristo é a luz para os gentios

Mais a frente, na primeira viagem missionária de Paulo (At 13), após Paulo e Barnabé irem à sinagoga em Antioquia da Pisídia e serem convidados pelos líderes de lá a darem uma palavra de encorajamento ao povo, Paulo toma a palavra (At 13:16–41): ele começa contando a história do povo hebreu no Egito, seu Êxodo, o periodo de quarenta anos vagando pelo deserto, a conquista de sete nações em Canaã, os Juízes, o profeta Samuel, Saul e então Davi, o homem segundo o coração de Deus.
Ele proclama que Jesus, descendente de Davi, é o Salvador prometido por Deus aos judeus. Paulo conta em resumo sobre João (At 13:24–25), a promessa aos judeus estendida aos gentios tementes a Deus (At 13:26), e a morte e ressurreição de Jesus (At 13:27:31). A partir daí, ele se baseia nas Escrituras para apresentar Jesus como o Filho gerado por Deus (At 13:33):
O rei proclama o decreto do Senhor: “O Senhor me disse: ‘Você é meu filho; hoje eu o gerei.
— Salmos 2:7
Novamente, ele explica (At 13:34–37) que Deus prometeu ressucitar Jesus dos mortos (Sl 16:10), e que Ele assegurou a Davi que todas essas bençãos prometidas se cumpririam:
“Venham a mim com os ouvidos bem abertos; escutem, e encontrarão vida. Farei com vocês uma aliança permanente, o amor que fielmente prometi a Davi.
— Isaías 55:3
Ele prega que em Jesus há justificação e perdão dos pecados (At 13:38–39), e adverte sobre a incredulidade daqueles seus ouvintes com uma profecia de Habacuque:
Observem as nações ao redor; olhem e admirem-se! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que alguém lhes contasse.
— Habacuque 1:5
No sábado seguinte, uma vez que os judeus estavam o difamando, Paulo cita Isaías para pregar a mensagem de Cristo dessa vez aos gentios (At 13:44–52):
“Fiz de você uma luz para os gentios, para levar a salvação até os lugares mais distantes da terra.”
— Isaías 49:6
Tateando em busca de um Deus Desconhecido

Em Atenas (At 17:16–34), depois de pregar na sinagoga e debater com filósofos na Ágora, Paulo foi "convidado" a se explicar no Areópago por pregar deuses estrangeiros — no plural pois eles provavelmente confundiram ressurreição (anástasis) com uma deusa, que pensaram ser a consorte de Jesus.
Já no Areópago, Paulo começa assinalando a religiosidade dos gregos e sua incessante busca pelo divino nos vários templos da cidade (At 17:22–23). Mesmo com o grande número de templos à deuses pagãos espalhados pela cidade, Paulo percebe que o altar "Ao Deus Desconhecido" mostrava que havia uma pequena centelha agnóstica no coração dos atenienses, que os levava a reconhecer que deveria existir um ser divino muito maior e mais belo que os deuses que eles conheciam e idolatravam, um deus cujo poder e majestade fogem à sua compreenssão. Os deuses gregos não eram suficientes, eles sentiam que havia mais e tentavam honrar esse deus, mesmo que imperfeitamente, com um altar.
É perceptível o paparelo dessa situação com uma passagem onde Jesus conversa com uma samaritana, que o pergunta sobre a adoração correta ser em Jerusalém ou Gerizim:
Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus.
— João 4:22
Jesus sabe que haviam pessoas que adoravam a Deus imperfeitamente, de formas diferentes daquela que os judeus faziam, mas ainda assim eles adoram a Deus mesmo sabendo pouco — ou nada. Uma situação parecida se desenhava para Paulo no Areópago.
Ele então apresenta esse "Deus Desconhecido" aos atenienses: Ele é o Deus Soberano, Senhor e Criador de todas as coisas, que não habita em templos humanos nem necessita de nossos serviços (At 17:24–26). Esse Deus confronta a noção cosmologica dos estoicos que debatiam com Paulo na Ágora (At 17:18), eles acreditavam em um Lógos (Razão/Lógica) impessoal que regia e permeava o universo e na suficiência da razão humana como manifestação desse Lógos, mas Paulo os apresenta o Lógos (Verbo, Palavra) de Deus: pessoal e dotado de vontade soberana.
Paulo segue afirmando (At 17:27) que era a vontade de Deus que a humanidade buscasse a Ele, e os atenienses no muito tatear por idolatrias e filosofias que não preenchiam sua sede de Deus, buscavam honrar esse "Deus Desconhecido" por eles. Eles não tinham encontrado, por isso não conheciam, mas agora Deus se fez conhecido a eles.
Ele diz também que Deus está próximo de todos nós e fala — numa provável citação ao poema Crética (de Epimenides), — que Deus participa ativamente de nossa existência:
“Seu propósito era que as nações buscassem a Deus e, tateando, talvez viessem a encontrá-lo, embora ele não esteja longe de nenhum de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos. [...]
— Atos 17:27–28
Esse conceito confronta a noção cosmológica dos filósofos epicuristas que debatiam com Paulo na Ágora (At 17:18), eles acreditavam que os deuses eram pessoais mas distantes de nós e apáticos a nossa existência; mas Deus está conosco (Mt 1:23).
Paulo usa a citação do poema Fenômenos (de Arato) para criticar a adoração a idolos praticada pelos atenienses:
[...] Como disseram alguns de seus proprios poetas: 'Somos descendência dele'.
— Atos 17:28
De modo que, se nós somos feitos à imagem de Deus, o próprio Deus não pode ser de algo menos nobre (de ouro, prata ou pedra) que nós mesmos, que viemos Dele.
Ele termina dizendo que Deus antes relevava o tatear humano por idolatrias, em sua ignorância buscando por Deus, mas que agora o mundo recebeu o Evangelho e todos são ordenados ao arrependimento (At 17:30). E que Deus determinou o dia em que o mundo será julgado por um homem escolhido e ressucitado por Ele (At 17:31): Cristo Jesus.